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sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Tempo Rei


O tempo é uma convenção!

Anos, meses, semanas, dias, horas... São artifícios utilizados à princípio para organizar nossa vida, mas o jeitinho humano faz com que usemos para postergar o viver.

O regime pode começar na próxima segunda, a ginástica na próxima semana, o médico fica para o próximo mês, aquela viagem que estou precisando fazer fica para o próximo ano...assim como a decisão de começar um novo curso, conhecer uma pessoa nova, mudar o visual, rever os "horários".

O Amanhã que pode ou não chegar da forma como concebemos se torna o lume da nossa existência. Tudo é ponderado e tolerado em função do porvir, como se o tempo fosse um grande mágico, regenerador das oportunidades perdidas.

O dia 31 de dezembro vem então com a carga absurda de tragar todos os erros e dar vazão à todos os projetos que lentamente vão se perdendo no decorrer do ano...

Sem querer destituir a poesia dos rituais de passagem, estes às vezes se tornam empecilho para que o AQUI AGORA se faça notado e vivido. Que se empenhe para buscar homeopaticamente as realizações das próprias metas à medida que elas se façam premente.

Alguns rituais são depósitos de pequenas postergações e frustrações acumulados em decorrência da baixa energia para atuar no presente.

Como lidamos com o amanhã? Podemos marcar data para iniciar a nossa almejada reforma interior, ou mesmo a reforma da reforma?

Se soubéssemos viver um dia de cada vez...Se o aqui agora fosse o único tempo considerado para nossa atuação... Se Carpe Diem... rs

Tempo Rei
(Gilberto Gil)

Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido
Transcorrendo, transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos

Pães de Açúcar, corcovados
Fustigados pela chuva e pelo eterno vento
Água mole, pedra dura
Tanto bate que não restará nem pensamento

Tempo Rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei

Pensamento, mesmo o fundamento singular do ser humano
De um momento para o outro
Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos

Mães zelosas, pais corujas
Vejam como as águas de repente ficam sujas
Não se iludam, não me iludo
Tudo agora mesmo pode estar por um segundo

Tempo Rei, ó, tempo rei ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei

(dezembro 2006)

Um comentário:

Paulo Renato disse...

E lá vem dezembro a galope novamente!
Abaixo calendários e relógios!
O tempo não existe!
Só podemos fazer as coisas AGORA...